quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Onde está o sacrifício eucarístico na missa?

O ato sacrifical se encontra no ritual da missa e nas próprias palavras proferidas na consagração: “Tomai e comei: isto é o meu corpo que será entregue por vós”. Prosseguindo: “Tomai, tomai, todos e bebei; este é o cálice do meu sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos, para a remissão dos pecados, fazei isto em memória de mim”. Jesus proferiu estas palavras sacramentais na última ceia aproximadamente umas dezenove ou vinte horas, antes de consumar o seu sacrifício na cruz, em razão disso ele falou — traduzindo do aramaico para o grego depois para o latim e finalmente para o português — no futuro do indicativo — “será”. Na missa o celebrante ordenado está no lugar de Jesus como sumo sacerdote. Naquele momento o oficiante realiza dois eventos distintos que se complementam: 1º — Transforma o pão e o vinho no corpo e no sangue de Jesus Cristo. 2º — Oferece a Deus Pai, a Justiça Divina, a vítima imolada, o corpo sem sangue e o sangue sem corpo — ambos divinos — do Cordeiro de Deus para a remissão total dos pecados de toda a humanidade passada, presente e futura. Jesus, como mestre, quis ensinar aos apóstolos como perpetuar para a posteridade a sua imolação incruenta que iria tão somente se realizar cruenta na cruz no dia seguinte, em razão disto ele só poderia ter falado no futuro do indicativo: “será”. Na re-apresentação desse sacrifício, na missa, o celebrante agora está no lugar do Cristo, então deveria falar no presente: “Está sendo”, que seria uma maneira muito mais correta, enfática, de proferir as palavras contidas na consagração. Se a formula da consagração fosse assim: “... Isto é o meu que corpo que está sendo (neste momento) dado por vós”, mais adiante: “... “Este é o meu sangue... “que está sendo (neste momento) derramado por vós e por todos...” seria muito mais compreensível para todos nós brasileiro. No opúsculo “Liturgia da Missa” publicado pelas Edições “Lúmen Christi”, em 1969, do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, assim está redigida a Oração Eucarística — na tradução oficial para o Brasil naquela da data pela CNBB e pela Congregação do Culto Divino:” Tomai e comei, todos vós: Isto é o meu corpo que é dado por vós”: mais adiante: “Tomai e bebei, todos vós: este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por vós e por todos os homens, para a remissão dos pecados”. Note-se que nessa edição pós-conciliar está escrito no presente é ao invés e será, no futuro, futuro esse permanente que nunca será alcançado que poderia dar até a idéia que a redenção ainda não se realizou e que seria futuramente realizada. Em todas as edições da Bíblia — por exemplo a de Jerusalém — também está no presente às palavras da consagração. Não da para entender porque razão CNBB e Sagrada Congregação do Culto Divino não conservou a palavra já anteriormente aprovada: “é” no presente e a alterou para “será”, no futuro. A fórmula atualmente usada da consagração preparada pela CNBB realmente não é das mais felizes. Jesus só poderia falar no futuro em razão do seu sacrifício só se consumaria com a sua morte no dia seguinte. Eis o texto em latim: Accìpite et manducate ex hoc est enim corpus meum quod pro vobis tradètur. Este verbo “tradètur” pode ser melhor traduzido como “se entrega” ou como “é entregue”. A fórmula poderia ser “isto é o meu corpo, que é entregue por vós” ou com uma formula parecida com a italiana “... questo è il mio corpo offerto in sacrifício per voi”. Mas a fórmula ficaria menos condicionada pelos verbos auxiliares se fosse traduzida simplesmente “isto é o meu corpo entregue por vós”, como fizeram os italianos. E isto sem ir a contra a índole da língua portuguesa falada comumente no Brasil. Para os fiéis brasileiros o verbo no presente composto; está sendo seria mais contundente, mais compreensivo. “... pois, a letra mata, mas o espírito vivifica”. (2 Cor 3, 6)

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