quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
A instituição da Eucaristia
Jesus na sua última ceia instituiu o sacramento da eucaristia dizendo: “... fazei isto em memória de mim”. Penso que os apóstolos demoram um pouco para entender aquilo que Jesus lhes pedia. Como e por que transformar pão em seu corpo e vinho no seu sangue? Com que finalidade? Por que naquela noite? Mas, sob as luzes do Espírito Santo — que sempre orientou a Igreja — eles foram aos poucos compreendendo o desejo do Mestre, passaram a ligar aquela última ceia com a morte Dele no dia seguinte na cruz. Depois, possivelmente, no primeiro Concílio de Jerusalém eles discutiram sobre como celebrar corretamente a “fração do pão”. Os apóstolos acompanhados dos discípulos que Jesus deixara passaram a celebrar “fração do pão” principalmente no primeiro dia da semana, no dia do Senhor, no domingo. O cerimonial devia ser muito simples. No início, como judeus que todos eles eram, os apóstolos misturam praticas judaicas nas sinagogas e acrescentando a “fração do pão”. Segundo consta, inicialmente, eles começavam com a leitura de trechos da Sagrada Escritura como os rabinos costumavam fazer. O Novo Testamento ainda não havia sido escrito, mas é bem possível que aqueles que conviveram com Jesus e assistiram as suas pregações desses o seu testemunho antes da “fração do pão”. Naturalmente eles rezavam a oração que Jesus lhes ensinara; o Pai Nosso. A consagração das espécies acontecia quando um dos apóstolos repetia as palavras que Jesus dissera na última ceia enquanto segurava em suas mãos o pão. “Isto é o meu corpo” depois tomando o cálice proferiu: “Pois este é o meu sangue, do novo e eterno testamento — mistério de fé — que será derramado por vós e por muitos em remissão dos pecados”. È de se pensar que no inicio não havia um ritual estabelecido, cada celebrante devia fazer como bem entendia, apenas respeitando as palavras ditas por Jesus, para assegurar com certeza a transformação do pão no corpo de Jesus e o vinho no seu sangue. O pão que Jesus consagrou na última ceia devia ser parecido com aquele redondo conhecido entre nós como pão sírio, mas sem fermento, o pão ázimo, consumido geralmente pela ocasião da páscoa judaica. Com o correr do tempo, com o crescimento da Igreja a cerimônia da missa foi se formalizando. Nos primeiros séculos surgiram diversas liturgias, tanto no ocidente como no oriente que variavam de região para região, de diocese para diocese até a Idade Média. No ocidente a língua usada na liturgia era a latina, no oriente era o grego e o hebraico e o árabe. Os doze apóstolos, os primeiros bispos da Igreja seguramente celebravam a eucaristia, a missa, na língua que eles falavam; o aramaico. Mesmo em Roma São Pedro se confraternizava com a colônia judia que lá vivia e também devia celebrar a eucaristia em aramaico ou em hebraico. Será que Pedro, um homem maduro e rude, conseguiu expressar-se em grego ou latim idiomas falado naquela época em Roma? São Paulo, um homem culto e letrado provavelmente celebrava a missa em grego. Surgiram com o tempo diversas liturgias além da romana, como a ambrosiana, galicana, moçárabica, bracarense, cartuxa, etc. Muitas dessas liturgias são praticadas até os nossos dias. Iluminado pelo Espírito Santo o Concílio Vaticano Segundo resolveu que o ritual latino poderia ser na língua vernácula de cada nação. O latim é em nossos dias uma língua morta, isto é, não é falada em lugar nenhum do mundo, raras são pessoas conseguem dialogar em latim. Contudo, o latim é usado pela Igreja na elaboração dos seus documentos oficiais, porque a Igreja Católica se estende por todos os continentes e cabe as conferências episcopais de cada nação traduzir para os respectivos idiomas esses documentos pontifícios. No Concílio Vaticano 2º algumas orações da missa foram modificadas, outras retiradas como no final da missa onde se lia sempre o inicio do Evangelho de São João. As inovações foram bem aceitas pela maioria dos fiéis. Antes desse Concílio os fiéis para entender o que o celebrante dizia tinha que acompanhar em tradução vernácula no missal de cada um. Sem a menor dúvida a missa se popularizou ficou mais compreensível para todos, que não acontecia antes. Antes do Concílio Vaticano 2º em muitas paróquias, em colégios, até mesmo em algumas comunidades religiosas enquanto o sacerdote celebrava a missa, apenas balbuciando as palavras os fiéis rezavam em voz alta o terço e outras orações que nada tinham com as orações ditas no altar. Quanto à posição do celebrante diante do altar de costas para os fiéis, é bom lembrar que no início da renascença quando foi então construída a Basílica de São Pedro o altar mor debaixo do baldaquino ele foi construído de modo que o celebrante oficiasse a missa voltado para os fiéis e não de costas para eles. Quando eu estive em Roma, numa vista que fiz as catacumbas de São Calisto o guia mostrava nos seus labirintos, os altares onde eram celebradas as missas. Esses altares eram feitos de um bloco de pedra medindo aproximadamente 80 centímetros de altura e variavam no seu comprimento e largura, ficavam próximos do 1 metro de comprimento e 80 centímetros de largura no centro de uma “praça”, numa encruzilhada, onde os fiéis podiam ficar a sua volta durante a celebração eucarística. Os primeiros bispos como os apóstolos e seus sucessores não usam uma vestimenta especial para a celebração, contudo, por serem todos judeus continuaram a orar colocando sobre os ombros o talit, uma espécie de chalé que os judeus costumam usar enquanto oram, possivelmente, a estola usada pelos sacerdotes católicos quando ministram um sacramento tenha se originado do talit. Com o crescimento da Igreja surgiram às liturgias, os cerimoniais prescritos têm que ser observados por todos os sacerdotes. Os paramentos usados nas celebrações foram mudando com o decorrer do tempo. Antes do Concílio Vaticano 2º usava-se para missas de defunto o paramento preto, que nunca foi uma cor litúrgica. Eu, particularmente, quando estou participando da santa missa não acompanho aqueles agitam os braços batem palmas, etc. A missa é um momento sagrado. No seu ápice, o da consagração eu acompanho o sacerdote mentalmente nas palavras milagrosas que transformam aquele pão no corpo de Jesus e vinho no seu sangue de imediato oferece a Deus Pai a vítima imolada corpo sem sangue e sangue sem corpo. Enquanto muitas pessoas curvam as suas cabeças em sinal de respeito, não querendo ver aquele belo espetáculo, eu ao contrário, de joelhos, levanto a minha cabeça e olhando firmemente para a elevação da hóstia consagrada e a elevação cálice onde está o sangue de Jesus. Neste momento o sacerdote não apenas está mostrando aos presentes o corpo e sangue de Cristo, mas ele está, sobretudo, oferecendo a Deus Pai a vítima imolada, o corpo sem sangue e o sangue sem corpo, para a remissão dos nossos pecados. Eu balbucio de modo inaudível para não perturbar ninguém: — “Deus Pai aceite este sacrifício da imolação do seu Filho, para a remissão de todos os pecados cometidos pela humanidade e pelos meus pecados”.
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